É triste, mas é real. A sociedade brasileira demonstra
não ter forças para combater com rigor a produção, a distribuição e a venda de
drogas como o crack, transmitindo a imagem de uma convivência passiva com o
crescimento de seu consumo.
Estamos numa guerra onde a sociedade está perdendo,
e o exército ainda não saiu dos quartéis para a primeira batalha. A droga tem
tomado todas as trincheiras, corroendo cidades, devastando famílias, dilacerando
vidas em uma angustia devastadora.
Em janeiro, a Confederação Nacional dos Municípios denunciou
que 87% das cidades brasileiras já estavam contaminadas pelo crack, mostrando
também que não existe uma rede de apoio ao usuário condizente com o tamanho do
problema.
Sem policiamento adequado nem penas rigorosas para
o combate ao tráfico, sem atendimento psicossocial para os usuários, sem seriedade,
eficiência e planejamento por parte dos poderes públicos, a família brasileira
se encontra totalmente exposta e sozinha no combate aos grandes efeitos decorrentes
do consumo da droga.
O aumento da violência e da insegurança que todos
estão percebendo, nada mais é do que o maior desses efeitos. Usuários viciados
e em estágio de total perda dos sentidos de cidadania passam a roubar e matar
sem nenhum peso na consciência. O que eles mais desejam é se livrar do vício
que os acometeu, mesmo que para isso o melhor caminho seja a própria morte. E
ela tem chegado, muitas vezes, decorrente de dívidas adquiridas na compra da
droga, fazendo ampliar a cada dia o número de homicídios entre os próprios
usuários.
Para quem tem um deles no seio de sua família o
problema é ainda maior. O convívio e o relacionamento desaparecem rapidamente,
a confiança evapora e o medo de que o familiar não volte pra casa vira rotina a
cada saída.
O que estamos esperando para pintar os rostos e
sair para guerra?
Ou eliminamos os inimigos que todos sabem quem são,
ou a sociedade continuará a ver a extinção gradativa da convivência social,
ferida diariamente pelo noticiário da morte de pessoas de bem, inocentes, que saem
de casa apenas para se divertir, viver, sem a certeza de que retornarão.
Hoje, quem manda nas ruas são irresponsáveis
drogados e bandidos que resolveram um dia provar do prazer ilusório do crack e acabaram
ganhando o poder que o estado brasileiro, por sua incompetência, abriu mão de
exercer. Uma saga que nos deixa em dúvida quem na verdade são os verdadeiros
bandidos: os políticos engravatados e envaidecidos com o poder, ou os pobres
usuários de drogas, iludidos com um cheirinho aqui e uma picada acolá.
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